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BATERIA/ALA MUSICAL
Dizem os especialistas que a bateria é o coração da escola de samba. Através dela a cadência e o ritmo do samba são marcados, para contagiar os passistas, foliões e integrantes, a fim de que façam uma linda apresentação.

Quando entram na avenida: a pulsação dos aparelhos de percussão, do surdo de primeira – responsável pela marcação principal; do surdo de segunda e do surdo de terceira; tamborim, prato, repique, chocalho, caixa de guerra, cuíca, agogô, reco-reco, pandeiro e triângulo, emocionam a todos que assistem ao espetáculo, levando animação, fazendo com que ninguém consiga ficar parado.

Durante o desfile, a bateria deve se mostrar afinada, puxando e animando os integrantes da escola, fazendo com que o grupo apresente boa evolução, seguindo seu ritmo, que deve ser intenso.

A marcação do ritmo da bateria é comandada por um instrumentista.

Segundo o manual do julgador, nos critérios de julgamento do quesito bateria, são considerados: “a manutenção regular e a sustentação da cadência da bateria em consonância com o samba enredo; a perfeita conjugação dos sons emitidos pelos vários instrumentos; a criatividade e a versatilidade da bateria” atribuem que sejam concedidas notas de sete a dez.

Porém, segundo o mesmo manual, alguns aspectos não são considerados, a fim de não prejudicar a desenvoltura da musicalidade, como: “a quantidade de componentes de cada Bateria, no que se refere ao limite mínimo de integrantes fixado pelo regulamento; a utilização de instrumentos de sopro ou qualquer outro artifício que emita sons similares; o fato de qualquer bateria não parar defronte às Cabines de Julgamento.

Com isso, percebe-se que o eixo central da avaliação é mesmo a cadência de som e ritmo exposto pelo grupo, além da harmonia entre cantoria e batuques.

Para inovar a arte de comandar uma bateria de escola de samba, diretores de bateria criaram a famosa “paradinha”, em determinado momento da apresentação. Esse efeito foi considerado belíssimo pelos críticos e jurados, dando mais emoção na hora da bateria retornar, que, se não for precisa, pode atravessar o samba enredo, causando erros para a escola e, consequentemente, perda de pontuação.

Por Jussara de Barros (Graduada em Pedagogia – Equipe Brasil Escola)


MESTRE SALA/PORTA-BANDEIRA
As escolas de samba surgiram no Rio de Janeiro, mas o carnaval foi trazido para o Brasil pelos portugueses na época da colonização. Nos desfiles são apresentados vários elementos tradicionais, como a ala das baianas, a velha guarda, a bateria, carros alegóricos, porta-bandeira e mestre-sala, dentre outros. O casal de porta-bandeira e mestre-sala apresenta-se usando trajes que representam a nobreza do século XVIII, porém com o exagero dos enfeites.

Historicamente falando, o casal surgiu no período da colonização, quando a corte portuguesa realizava o entrudo nas casas grandes, as sedes das fazendas. Registros mostram que durante as brincadeiras realizadas no entrudo, um casal de escravos, encantado com a festa, passou a acompanhar o movimento andando atrás do festejo, observando-o de longe. Os casais dançavam elegantemente com roupas de gala, o que chamava a atenção dos escravos que os observavam.

Com o passar dos anos, os negros adotaram o entrudo como festa e, durante ela, o casal imitava seus senhores, os barões e baronesas, como motivo de gozação. A brincadeira agradava a todos, tornando-se uma tradição da festa, sendo mais tarde batizados como Porta-Bandeira e Mestre-Sala.

Durante os desfiles das escolas de sambas, os casais de Porta-Bandeira e Mestre-Sala fazem uma apresentação especial para os jurados, com o objetivo de atingir a nota máxima. A avaliação é feita conforme a exibição do casal, que deve bailar suavemente ao ritmo do samba, fazendo os passos considerados obrigatórios, como meneios, giros, meias-voltas, mesuras e torneados. Além desses, o casal é avaliado pela harmonia entre ambos, a integração dos passos, o cortejo do homem, a proteção e cortesia que dá à sua dama e à bandeira da agremiação – que representa todo o pavilhão da escola de samba.

A avaliação vai também para a apresentação da porta-bandeira, que deve carregar o estandarte da escola sem deixá-lo enrolar ou bater em seu próprio corpo, com leveza, gracejo e correspondendo aos cortejos do mestre-sala.

As roupas do casal devem estar nas cores da escola, mas também adequadas para a apresentação, com acabamentos bem feitos e extremamente luxuosos. Devem também estar adequadas à apresentação, não impedindo os movimentos do casal. As penalidades ou perda de pontos ficam a critério da apresentação feita, onde o casal não pode ficar de costas um para o outro, no mesmo momento, deixar cair ou perder qualquer elemento da composição de suas roupas e adereços (chapéus, sapato, esplendor, bandeira), mesmo que acidentalmente.

Além do primeiro casal de porta-bandeira e mestre-sala, existem outros casais que se apresentam nos desfiles com a mesma função. Eles servem para treinar outros componentes da escola, caso haja algum imprevisto, além de garantir o preparo das gerações futuras, garantindo a beleza e a qualidade da apresentação.

Muitos deles também cobrem as agendas do primeiro casal, quando são solicitados em festas e apresentações dentro ou fora do país, marcadas na mesma data.


COMISSÃO DE FRENTE
A comissão de frente é um quesito apresentado pelas escolas de samba, onde se apresentam dando boas vindas ao público bem como aos jurados, é formada por dez a quinze pessoas, que demonstram o enredo da escola. As comissões de frente mais antigas apresentavam os integrantes da direção da escola carregando bastões, como se estivessem armados para proteger a escola.

A Portela foi a primeira escola de samba a inovar nessas apresentações, levando para a passarela do samba os integrantes mais bem vestidos, com fraque e cartola, fazendo coreografias ritmadas com o samba. Nos anos trinta algumas escolas tentaram inovar, colocando na comissão de frente carros alegóricos, o que foi criticado pelos jurados, que acreditavam que não havia necessidade para tanto.

Mas as grandes transformações das comissões de frente vieram depois que as escolas contrataram artistas plásticos e coreógrafos. A união das duas classes causou um verdadeiro escândalo, por tanta beleza nas apresentações.

Os trajes são ricos, de acordo com o enredo da escola, os integrantes ensaiam coreografias relacionadas à história apresentada. Muitas vezes, a comissão de frente é enriquecida com bailarinos profissionais, a fim de apresentar um desfile de maior qualidade.

Segundo o manual do julgador, as considerações dos jurados para dar as notas à comissão de frente são:

“- o cumprimento da função de saudar o público e apresentar a escola, sendo obrigatória a exibição em frente às cabines de julgamento;

– a coordenação, a sintonia e a criatividade de sua exibição, que será obrigatória em frente às cabines de julgamento, podendo evoluir da maneira que desejar;

– a indumentária da comissão de frente, que poderá ser tradicional (fraques, casacas, summers, ternos, smokings etc., estilizados ou não) ou realizada de acordo com o enredo, levando em conta, neste caso, sua adequação para o tipo de apresentação proposta”.


HARMONIA
Neste quesito, os jurados avaliam o entusiasmo e o ritmo dos integrantes da escola. Se a escola de samba fosse um exército, o general da tropa seria o diretor de harmonia.

“É aquele termômetro que faz os componentes cantarem e vibrarem com empolgação em cima do ritmo da bateria, então é uma coisa que, por mais que você trabalhe o ano inteiro, você só sabe se funcionou ou não quando fecha o portão da dispersão”, diz Rogério Magalhães Félix (foto abaixo), diretor de harmonia da Dragões da Real.

“É muito importante porque você tem que estar integrado com a escola. Você tem que saber cantar vibrar na Avenida”, completa o integrante da escola.

Rogério tem que fazer seu batalhão vibrar sem perder o entusiasmo um minuto d urante o desfile. “A primeira coisa que você tem que fazer no quesito harmonia é tanto a escola como os componentes sentirem a responsabilidade que eles têm dentro do conjunto. Eles têm que entender que eles são parte da engrenagem da máquina da escola de samba; ele é a parte principal do nosso desfile”, explica Rogério.

Para ganhar essa batalha, o treino é duro e sem descanso. “Às vezes, fechou a quadra, estamos indo embora no meio da rua, um puxa o refrão e todo mundo pára e começa a cantar de novo. Eu acho que essa brincadeira, essa dedicação e esse empenho é o que fazem o departamento de harmonia conseguir ganhar todas as bases, todos os departamentos da escola”, conta o diretor de harmonia.

A guerra é de confete, brilho e alegria, mas, durante o desfile, o Sambódromo é um território a ser conquistado. “Se você está na escola, se propôs a vir na escola, eu acho que você tem que vestir a camisa e ir fundo. A Ã ºnica coisa que a gente pode fazer é ter uma boa harmonia”, diz a integrante.

Para tirar dez em harmonia, a escola não pode de jeito nenhum atravessar o samba. Isto acontece quando parte dos integrantes canta num ritmo diferente dos outros. O general e seus assistentes tomam conta pra ninguém sair da linha.

“Eu não gosto de um harmonia correndo; se o harmonia meu correr no dia do desfile ou dentro da quadra ele está suspenso porque o jurado está lá procurando um erro; se ele viu o harmonia correndo, vê que a coisa está errada”, diz ele.

É durante os ensaios que esses soldados foliões conhecem o plano de ação da escola. E tudo com regras rígidas. “Não podemos esquecer que ninguém pode entrar com latinha de cerveja, máquina fotográfica, celulares, bolsas, camisas, roupas por baixo que sejam diferente da fantasia”, explica ele.

Um descuido que pode significar muitos pontos perdidos para a escola e a derrota desse exército de foliões. “Dá vontade, você quer fazer qualquer coisa na Avenida porque a empolgação é grande, mas você tem toda uma regra. Só que você tem que cumprir para a escola não perder ponto”, conclui Rogério Felix.


ALA DAS BAIANAS
Nem Dante Alighieri, nas mais profundas divagações sobre o Inferno, imaginaria uma ala de baianas desfilando na sua Divina Comédia. Mas, para a grande magia do Carnaval, nada é impossível e nos primórdios das escolas de samba, a primeira delas, a  “Deixa falar”, desfilava com o enredo O Inferno de Dante.

Como o fundador da Escola, Ismael Silva, exigia a presença de baianas, o jeito foi incluí-las — de saias rodadas, turbantes. pulseiras e colares — entre caldeirões, tridentes e diabos na versão carioca da obra do autor italiano.

A importância da Ala das Baianas nas escolas de ambapode ser medida de imediato pelo valor da nota que lhes é atribuída nos desfiles. Com no máximo trinta componentes, tem o mesmo peso da bateria, que muitas vezes tem mais de quatrocentos integrantes. Carregada de simbologia, a ala representa o elo histórico entre o samba e as antigas baianas.

Desde o primeiro momento, no Rio de Janeiro, quando chegou pelas mãos dos migrantes baianos, o samba foi acalentado nos casarões das velhas “tias”, que preservaram os costumes culinários, musicais e visuais (no que diz respeito aos trajes) trazidos junto com suas mudanças.

O desenhista francês Debret, impressionado com as batas, as saias presas na cintura e que não passavam do meio da canela, ornadas com rendas; os colares de ouro ou coral; as pulseiras e os berloques de prata; as pequenas chinelas que mal abrigavam os dedos, deixando livres os calcanhares, fixou as baianas muitas vezes nas telas em que retratou o Brasil.

Edison Carneiro, em seus estudos folcioristas, conta que o aparecimento das baianas em trajes típicos remonta aos grupos africanos que foram traficados para o Brasil. Segundo ele, o turbante é muçulmano, os panos-da-costa e as saias rodadas, sudanesas, e os colares é figas-de-guiné, o toque final ao conjunto. Tais aspectos dão referências históricas à figura da baiana.

A ala tem a função de aludir, portanto, às origens afro-baianas do samba, elo tradicional que ainda mantém as escolas de samba unidas a seu cordão umbilical, mesmo com toda a pompa e circunstância que cercam hoje seus luxuosos desfiles.

Não foi sem motivo que Ismael Silva exigiu uma ala de baianas, logo no primeiro desfile de sua Escola de Samba Deixa Falar. A exigência foi cumprida, transformando-se em tradição e parte intocável do regulamento dos desfiles das escolas até hoje. Certamente uma homenagem às “tias” baianas, pioneiras e protetoras do samba nos seus primórdios.

A tradição viva: obrigatórias por regulamento, as baianas mantêm em sua ala as origens culturais do samba.

[Fonte: História do Samba – Editora Globo]


AÇÕES SOCIAIS
Dividindo um pouco do que temos com pessoas ainda menos favorecidas, sem esperar nada em troca. A família Dragões da Real quer fazer desse gesto natural uma tradição.

ENTREGA DA CADEIRA DE RODAS: Foram necessárias 140 garrafas pets cheias de anéis para a conquista da cadeira de rodas que foi entregue a Rodrigo Ferreira de Oliveira, 30 anos, morador do bairro de Pirituba.

CAMPANHA DO AGASALHO: Uma forma de ajudar os menos favorecidos, que sofrem com o inverno rigoroso de São Paulo. A família Dragões da Real abraça essa causa e todos da escola estão empenhados nessa grande rede de solidariedade que foi criada pelo governador doutor Ademar Pereira de Barros, no seu segundo governo, em 1947, e segue até hoje ajudando muita gente. Informações: (11) 3831-4002.